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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A TAL ZONA DE CONFORTO



A TAL ZONA DE CONFORTO

 Tá bom atletas, anônimos que adoram meter o pau no meu pensamento, muitas vezes radical. Sim, estou preparada para receber dezenas de pares de tênis em minha cabecinha pensante...rsrs...
 
Porém não posso me abster de falar sobre o assunto de forma experiente. Vou começar usando uma frase que ouví há muitos anos atrás, mas que certamente irá me acompanhar para todo o sempre.

"SE VOCÊ FIZER O QUE VOCÊ SEMPRE FAZ, IRÁ TER O QUE SEMPRE TEVE"

 Pois bem. Sempre vejo alguém reclamando que não sai daquele tempo. Que treina, treina, treina e nada. Muda a alimentação, emagrece, fica mais leve e nada. Coloca longões na planilha, treina todo santo dia e nada. Já ouví até gente dizendo que faz dois treinos diários e nada. Que fez mandinga, colocou frango na encruzilhada com bilhete costurado na boca com o pace que queria e nada.

Costumo dizer que nosso corpo tem memória. Dá pra observar que quando a gente fica um bom periodo sem treinar, quando volta, não custa a adquirirmos o fôlego anterior. O corpo sabe, conhece o nosso ritmo, conhece o nosso preparo e portanto se adequa facilmente aos treinos anteriores. Até aí..morreu Judas....rsrs.
 
Em 2009, quando comecei a pegar gosto pela competição, e quando digo pegar gosto, me refiro aquela gana de estar sempre bem fisicamente, de correr não por prazer, mas para atropelar a adversária que eu tinha acabado de abraçar minutos antes de ouvir o fuóó... enfim...quando comecei a pegar gosto pela coisa, realmente percebí a minha estagnação nos treinos.
 
Fazia 10km para 48 naquela época, mas fazia morrendo. Eu queria mais. As meninas da minha categoria corriam para 47 baixo. Eu tinha que diminuir esse tempo, ou simplesmente continuar lá na minha 7a ou 8a colocação na faixa etária.
 
O objetivo era o 1º lugar. Modesta? Não, crente que tudo que você quer, você consegue, com humildade e esforço, óbvio! Mudei tudo. Tudo.

Se antes eu fazia treinos diários de 50 minutos no mesmo percurso e no mesmo ritmo, agora a coisa era outra...era punk...Nada de passinhos apertados, fôlego de passeio no shopping. A idéia era sair da zona de conforto!
 
Sim, joguem os tênis sobre mim! Muita gente acha que temos que respeitar o corpo da gente. Também acho. Muita gente acha que devemos correr num ritmo confortável. Depende. Depende do foco, depende do seu objetivo.
 
 Oscar Schimidt por exemplo, foi o melhor jogador de basquete brasileiro por que sempre ficava mais tempo treinando. Uns falam que é talento. Não existe talento sem esforços. Não adianta um ser nascer com algum dom e não aprimorá-lo, explorá-lo, não sair da zona de conforto e ir para a zona de esforço. O "sair da zona de conforto" não quer dizer que você tenha que correr até cair duro no chão. Nada disso.
 
O "Sair da zona de conforto" é justamente aquele ritmo aumentado quando já está cansado. Aquele sprint no fim do treino, aquelá respiração ofegante, aquele calor do rosto, o sangue bombando forte. Mas pra isso...devemos treinar, porque é justamente aí que vem os bons resultados.
 
Quando decidí que iria vencer o Circuito naquele ano em 1º lugar, sabia que a coisa não ia ser fácil. Então, a primeira coisa que fiz foi rasgar minha planilha. Comecei a correr 50min por dia, como antes porém, em ritmo diferente. Iniciava com 20 minutos tranquilos e depois disso, a cada 5 minutos aumentava o ritmo, chegando na zona de desconforto na altura dos 37 minutos.
 
 Isso implicava dizer que eu corria esbaforida por quase 13 minutos. Era difícil? Muuuuuito. Porém, não só na corrida, mas em qualquer outro esporte exige-se muito sacrifício.

As pessoas que chegaram a um patamar grande em suas carreiras, podem ter certeza,  foi conquistado com muita dedicação e comprometimento, ao fazer aquilo que ninguém faz, por isso o êxito.
 
É preciso coragem para querer sofrer durante um treino. Com o passar dos dias, aquela zona de desconforto, já não era assim tão monstruosa. Havia chegado a hora de mudar o rumo das coisas. Tiros, muitos tiros... 16 tiros de 1 minuto pra 30 segundos de descanso. E no dia seguinte, 50 minutos muito leves. Não dava tempo de sentir o cansaço, pois o relógio dava provas que estava valendo a pena.
 
Na 1a prova após eu ter mudado minha planilha, foi a 1a vez que corri abaixo dos 48, chegando na casa dos 47...Eu queria mais...muito mais. Corria agora 20 minutos e depois os últimos 30, em ritmo de prova. Nada de ir aumentando. Havia dias desesperadores. Mas no fim, aquele "baratinho" sempre dava o ar da graça. Eu ria sozinha. E eu era abusada. Pesquisava coisas sobre treinos, mudei a minha alimentação. Tudo dentro dos conformes. Nada de loucura e irresponsabilidades.
 
  Ė preciso ser curioso também, para procurar as novas tendencias de treinos e equipamentos para melhorar não somente o treino mas a recuperação, ponto muito importante hoje em dia, se você consegue recuperar mais rápido seu treino sera mais intenso que os demais.
 
Muitos caem na mesmice de treinos antigos e com intensidade suportável, eu particularmente sou da opinião, que seu treino precisa ser sempre mais intenso do que a corrida, pois ao chegar a competição, você sabe que tem uma energia reservada se precisar.
 
Comecei a fazer treinos maiores. 1 hora e 20 minutos...começava com 20 minutinhos leves, aumentava nos 30 minutos. Os outros 30, intercalava 1 minuto forte e 2 minutos leves. Eram dias terríveis! Na 3a etapa do Circuito, corri os 10km para 46:05. Fiquei paralisada com o meu resultado e ainda mais, quando na mesma etapa, subí em primeiro lugar.
 
Dali em diante, nunca mais descí, digo, pelo menos naquele Circuito. E terminei em primeiro na categoria e 3 lugar na geral. Ganhar é uma delícia, sem dúvida. Mas o que me deixou mais feliz foi a capacidade de se adaptar a treinos extremos, desde o trote, até aquele em que você realmente pede pra morrer...rsrs...fato é que se queres resultado, ficar na zona de conforto não irá faze-lo alcançar suas metas.
 
Mas vale lembrar, tudo gradativamente, tudo dentro de uma planilha, e acima de tudo, conhecendo os seus limites.
 
 A figura abaixo mostra as 4 zonas que temos na vida:



A Zona de Perigo deve ser EVITADA! É onde você não tem condições de operar e não tem ninguém para ajudar, você tem que saber quando estiver nela e principalmente saber sair dela.
 
 Todo corredor precisa fazer visitas periódicas ao médico. Eu vejo como uma insanidade correr sem uma avaliação, quiçá fazer treinos exaustivos sem o tal acompanhamento. Esquece! E quando eu digo esquece... é esquece mesmo, salvo se quiser correr ao lado de São Pedro.
 
Na Zona de Risco você precisará de ajuda para operar, tanto de ferramentas, pessoas, recursos, etc. Você nunca sabe se terá ajuda, então é bom evitar. Essa zona ao meu ver, é muito parecida com a de perigo, porém, dá pra encarar, se você se sente pronto para um novo ciclo de treinos.
 
 A Zona de Esforço é o local ideal para sempre estarmos, tente ficar aqui sempre! Desafie-se! Aqui você tem condições de operar sozinho. É a história de começar um treino gradativo e  manter-se crescendo nos treinos, até que voce alcança aquele nível desconfortável, porém sem aquela sensação de que exagerou.
 
É a capacidade de numa competição, quando achamos que nos faltará pernas, simplesmente damos aquela respurada e aumentamos o ritmo...
 
 Já a Zona de Conforto deve ser evitada, saia daqui. Você já fez tudo que poderia ter feito, agora é hora de aprender mais, não seja acomodado! ou pelo menos não fique reclamando ou amaldiçoando o seu relógio! A dor é preciso e depois de um tempo ela nem te incomoda mais.
 
Durante as competições quando eu sentia alguma dor, algum pensamento de que eu não ia conseguir, ou que iria quebrar, o que me encorajva a continuar era pensar justamente nesses treinos exaustivos onde eu lembrava quão difícil era e como eu cheguei ao final bem.
 
 Por isso amigos, saiam da zona de conforto, pelo menos de 1 a 2 vezes na semana. Não é pecado, apenas trilhar um caminho pra melhores resultados. Não é burrice fazer o corpo sofrer, desde que procuremos realizar nossos treinos em condições extremas com paciência e responsabilidade, até para evitar lesões.
 
E aqui, vale mais uma vez a experiência, o conhecimento do corpo. Isso ninguém pode ter a não ser você mesmo. Se você se sente preparado para avançar nos treinos e sair da zona de conforto, vamos lá, tente. E nem vale se sentir mal, caso não suuporte o treino naquele dia. Há outros tantos pela frente. Deve-se praticar.
 
Já dizia aquela velha frase: A pratica nos leva à perfeição. Na minha opinião não existe perfeição na corrida, mas existe acima de recordes, uma superação pessoal, e esse gostinho, tenha certeza, faz com que qualquer zona de desconforto se torne altamente confortável! rsrsrsrs Coragem pessoas!!!!! 

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